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TALASSEMIA
As talassemias representam um conjunto de sintomas caracterizados
por anemia, fraqueza, cansaço, dores nas pernas,
palidez, icterícia, e que dependendo da gravidade
da doença, ocorrem alterações esqueléticas,
hepatomegalia, esplenomegalia, cálculos biliares,
infecções, insuficiência cardíaca
e disfunções hormonais. Cientificamente, as
talassemias foram descritas pela primeira vez por Thomas
B. Cooley em 1925, que relatou a doença em quatro
crianças que tinham anemia e esplenomegalia, aumento
do fígado, palidez, todos com aspectos faciais mongolóides,
e alterações ósseas do crânio
e dos ossos faciais.
No exame de esfregaço sangüíneo, Cooley
descreveu acentuado grau de anemia com presença de
muitos eritroblastos. Devido à excelência do
artigo e da clareza com que foi descrito, por muitos anos
essa forma de talassemia grave foi reconhecida e citada
como anemia de Cooley, e que hoje corresponde
à talassemia beta maior. Historicamente, é
possível que a talassemia tenha se originado há
mais de 4 mil anos, pois há referência da doença
feita por Hipócrates, bem como achados em múmias
de crianças dos períodos pré-histórico
e histórico, com alterações ósseas
no crânio, muito parecidos com os da talassemia beta
maior.
Os gregos certamente já conheciam a talassemia como
uma entidade mórbida, distinguida em certas regiões
e ilhas devido aos casamentos consangüíneos.
Por essa razão, é provável que daí
tenha se originado o nome talassemia, onde thalassa significa
mar; e anaima que sugere "pessoas com falta de sangue
(anêmicas) que vivem a beira-mar (ilhas)", surgindo
daí o termo talassemia. Atualmente, a talassemia
é uma das doenças mais estudada e mais conhecida
no sentido científico, médico, social e demográfico.
Sob o ponto de vista clínico, as talassemias são
classificadas em maior, intermediária, menor e mínima,
conforme mostra a tabela 1. Por outro lado,
as talassemias também têm sua classificação
laboratorial conforme o tipo de globina que foi afetada,
fato que as diferenciam em:
a. talassemia alfa:
quando a síntese da globina alfa está deficiente,
enquanto a de globina beta está normal;
b. talassemia beta:
quando a síntese da globina beta está deficiente,
enquanto a de globina alfa está normal.
O desequilíbrio entre as globinas alfa e beta causa
a precipitação dentro do eritrócito
da globina que foi sintetizada normalmente,
pois esta não encontrou a sua correspondente para
se juntar e formar a molécula da hemoglobina.
Desta forma, conclui-se que quanto maior for o bloqueio
da síntese de uma das globinas, maior será
o desequilíbrio, mais intenso serão as globinas
precipitadas, e mais extensas serão as lesões
nos eritrócitos – que serão retirados
precocemente da circulação causando anemias
hemolíticas de graus variados. Além das talassemias
alfa e beta, há vários tipos de lesões
moleculares que ocorrem nos cromossomos 16 (onde estão
agrupados os genes da globina alfa) e 11 (onde estão
agrupados os genes das globinas beta, delta e gama).
Assim, é possível ter situações
de talassemias em que as globinas alfa e beta estão
deficientes numa mesma pessoa: talassemia alfa/beta;
situações em que as globinas beta e delta
estão deficientes: beta/delta talassemia,
etc. E também ocorrem as interações
entre talassemias e hemoglobinas variantes, como são
os casos da Hb S/tal. beta, Hb SS/tal. alfa, Hb
C/tal. beta, etc.
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